Saturday, February 25, 2012

Decoração é a identidade do evento


A decoradora Tatiana Camargo ajeita arranjo de flores para bodas de ouro

Você já imaginou como seria uma festa sem decoração? Um casamento sem flores seria tão bonito quanto um com as cores, as formas e os perfumes destas plantas? Um aniversário de 15 anos sem adereços teria a mesma magia? Acredito que a resposta unânime seja “não”.
O motivo é simples: em um casamento, a decoração é o meio de os noivos transformarem o amor e a felicidade que estão sentindo em uma linda paisagem para ser vista e tocada por seus convidados. No aniversário de 15 anos, pode ser a personificação da inocência e do universo teen da debutante. Em bodas de ouro, é capaz de retratar a essência de viver metade de um século ao lado de quem se ama.
Acima de tudo, a decoração é a identidade dos anfitriões e a imagem de como será a festa perante os convidados. Sendo de tamanha importância, quais são os cuidados para não pecar pelo excesso ou pela falta?
Primeiro, é preciso definir o profissional que realizará o serviço com uma antecedência de cinco meses ou mais, uma vez que, dependendo do profissional, ele já terá a agenda toda comprometida.
Em seguida, há de se definir o local em que será a festa, para que o decorador tenha noção do espaço a ser trabalhado. Em seguida, se atentar aos principais locais da festa. “Um dos lugares mais apreciados são a entrada e a mesa de doces e bolos. Aliás, se os anfitriões quiserem conquistar os convidados por meio da visão e do paladar, é preciso investir muito nessas áreas”, explica a assessora, cerimonialista e decoradora Tatiana Camargo.
O item mais importante numa decoração é a iluminação. “Se for um casamento diurno, basta escolher um local mais aberto e com muitas janelas para a luz natural entrar. Já se for noturno, o casal terá que investir em muitos pontos de luz, afinal, não é muito inteligente gastar num arranjo floral lindo e deixá-lo no escuro, não é?”
Segurança, conforto e circulação também são essenciais na composição de um ambiente mágico. Segundo a decoradora, esses itens mais técnicos são frequentemente esquecidos. “A escolha de mobiliário desconfortável, mal conservado e aquela festa onde ninguém consegue andar direito são a chave para o fracasso. Saber escolher o espaço adequado para o número de convidados é uma arte! Outra é saber distribuir todos os elementos da decoração pelo espaço disponível, afinal o garçom precisa servir bem aquela mesa lá no cantinho. E o pessoal da foto/filmagem precisa de acesso a tudo para trabalhar direitinho”, explica.


Flores representam glamour


Arranjos florais e vela dão o toque sofisticado e romântico à mesa do bolo


Castiçais, espelhos, móveis antigos. Vale tudo para tornar belo e aconchegante o ambiente do evento. Porém, quem dá o toque de glamour são as flores. Para Tatiana, elas não são apenas detalhes de uma decoração, mas sim o que vai definir a beleza e perfume da festa. Por isso, é necessário escolher a flor certa e na quantidade adequada, uma vez que elas estarão presentes na igreja, no salão, nos enfeites de mesa, na lapela do noivo e no buquê das daminhas e da noiva, caso o evento seja um casamento.
“Na igreja, a elegância deve prevalecer na composição floral, porque nada pode tirar o brilho da noiva. Já na recepção, a decoração pode ser mais audaciosa. Portanto, os arranjos das mesas devem ser altos e bonitos e pode-se abusar do uso de velas, que ajudam a compor um ambiente romântico”, aconselha a decoradora.
Outro dado importante é levar em consideração a estação. Em março, por exemplo, angélica e orquídea estão entre as mais fáceis de achar. ”As noivas podem até encontrar flores de seu gosto que não sejam da época, porém, vão pagar mais caro. Preferidas pela maioria, as rosas são mais caras no mês de Junho, devido ao Dia dos Namorados. Em maio, as flores em geral também estão com o valor um pouco mais elevado devido ao Dia das Mães e por ainda ser considerado o Mês das Noivas, apesar de a procura por este mês ter caído. Já as flores mais baratas são: crisântemo, margarida, minimargarida, cravina, gladíolo e girassol. As mais caras são: orquídea, tulipa, copo de leite, lírio, gardênia e gérbera.”
Em meio às mais perfumadas estão jasmim, lírio branco, gardênia, frésia, lavanda, narciso e flor de laranjeira. E, a favorita, sem dúvida, é a rosa.
A profissional bate em uma tecla sempre abordada pela imprensa especializada, mas que ainda gera dúvida. Trata-se de um dos acessórios mais importantes para qualquer noiva. “O buquê não deve combinar com a decoração e, sim, com o estilo do vestido. Ele faz parte do look da noiva. Portanto, deve ser diferente de todo o resto.”
Tatiana destaca também que o acessório é dividido em classes, ou seja, existe o buquê redondo, o buquê em cascata (que não está muito na moda ultimamente) e o de braçada, e cada um deles combina com um estilo ou uma situação.

Cores e ambiente
Móveis, plantas e outros adereços ajudam a compor o ambiente de uma festa


Pode parecer estranho, mas segundo a decoradora, nos dois últimos anos, a combinação de cores mais usada tem sido o rosa com marrom. “Mas gostaria de esclarecer que a escolha das cores não deve vir de modismo. Antes de tudo, os noivos devem determinar qual a é atmosfera que querem transmitir no casamento e, a partir daí, escolheremos cores quentes ou frias, contrastantes ou análogas e por aí vai.”
Importante ressaltar também é o ambiente onde será realizada a festa: se é claro ou escuro, etc. “Tudo isso influencia no clima da festa e a partir daí escolheremos as cores que vão funcionar melhor nesse ambiente. Mas, pessoalmente, prefiro as cores quentes porque uma festa de casamento é alegre, alto astral, cheio de energia e essas cores transmitem tudo isso”, diz Tatiana.

Noivos e profissionais

Em geral, são as noivas que definem toda a decoração, mas devido à experiência, é bom ouvir os conselhos do profissional escolhido. “Escute o que ele tem a dizer, afinal, esse é o trabalho dele. Ele tem experiência e sabe o que está fazendo. Se você fechou com determinado profissional é porque pesquisou referências e está segura, não é mesmo? Então, trabalhe junto com ele, como uma equipe. O bom decorador e cerimonialista vão fazer um trabalho com a cara dos noivos, levando em conta o sonho dos mesmos.”


Economize


Tatiana Camargo dá dicas para quem deseja unir o útil ao agradável; nesse caso, beleza e bom preço. Vamos às dicas:

1)    Convide pessoas que realmente importam e mantém contato com os noivos. Quanto menor o número de convidados, menor será o número de mesas e, consequentemente, de arranjos;
2)    Dê preferência a salões bem conservados que já incluam em seu orçamento parte do mobiliário;
3)    Velas e folhas estão em alta e são bem mais acessíveis que os arranjos de flores;
4)    Utilize peças do acervo da família ou do decorador (o bom profissional está sempre renovando seu acervo),
5)    Casamentos diurnos dispensam alguns itens de decoração. Portanto, sai mais barato.


Sunday, February 19, 2012

Shamballa – a filosofia por trás do estilo

De diversos estilos, shamballas remetem ao sagrado e à identidade de quem a sua
Após quase deixar uma vendedora louca, você escolheu o vestido perfeito para seu corpo. Depois, passou mais de uma hora sentada na cadeira de sua cabeleireira, morrendo de calor com aquele “soprinho gostoso” do secador. Foi difícil, mas achou um acessório que é praticamente irmão da sua sandália e, assim, tudo se encaixou. Pronto! O sacrifício valeu a pena, pois você vai linda para o casamento da sua melhor amiga. Mal sabe que vai passar por uma situação um pouco embaraçosa: na porta da igreja, você se depara com uma mulher com um vestido EXATAMENTE igual ao seu. Mesma cor, comprimento, etc.
Ficção? Claro que não. Já aconteceu, inclusive, com essa humilde jornalista que vos escreve. Aí, a artesã Arine Paleari pergunta: “Que mulher não gosta de se sentir única?”. Eu respondo, em nome das minhas leitoras: “NENHUMA!”. Todas querem brilhar por algo que as diferencie.
A boa notícia vem por meio de uma febre fashion: a pulseira  denominada shamballa. A arte parece que veio com uma missão: a de quebrar (ao menos no que se diz respeito a acessórios) a produção a toque de caixa de peças idênticas. Você pode até ir a uma festa e ver que todos os pulsos femininos aderiram à moda, mas as peças nunca serão idênticas, como no episódio do casamento.
Porque uma das principais ideias deste acessório é que ele seja exclusivo e acarretado de valores, de desejos e da personalidade de quem o usar.  Pelo menos Arine, ao confeccioná-lo, respeita esta filosofia. “Não crio nada igual. Mesmo que uma cliente viu e gostou de alguma peça, eu não a copio integralmente. Posso usar as mesmas cores e pedras, mas a ponta, por exemplo, será inspirada na personalidade daquela mulher.”
Arine refere-se àquela parte que fica caída, a ponteira após o fecho. Aliás, o próprio fecho pode ser personalizado e a ponta, trás o pingente que a freguesa escolher - seja em forma de bolsinha de dinheiro, de borboleta, de lua ou de estrela. Vale unir imaginação e criatividade. 
Como não bastasse ser a demonstração do que você é, a pulseira foi inspirada no terço budista. Sendo assim, deixa implícita a ideia de proteção, tornando-se um elo entre o sagrado e o humano.

Paz, terapia e fonte de renda
Arine Paleari pode levar somente 20 minutos para confeccionar as pulseiras

Aficionada por artesanato desde os 8 anos de idade, Arine começou com ponto cruz. Depois passou para crochê e tricô. Hoje, adulta e professora de Educação Física, aprendeu a fazer shamballa. Com macramê, algumas peças coloridas e um alicate, a professora se sente em paz. “Para mim, o artesanato em si é o que pode me proporcionar traquilidade, é um momento que uso para escutar uma palestra, ou o que eu faço num dia em que estou muito cansada. Carrego na bolsa, pois posso criar algo na rua.”
Quem vê a professora tão íntima do alicate e com uma habilidade e rapidez incríveis, pensa que ela se dedica há anos à confecção da pulseira. Mas não, faz apenas um mês e meio. E as primeiras criações, ela conta, foram vendidas de imediato. “Não pude pegar uma para mim”. O segredo do sucesso? Paixão pelo que faz. “Só faço o que eu gosto. Quase não produzo algo em crochê, por exemplo, por não ser muito fã.” Com isso, Arine vê como terapia e lazer algo que hoje é tudo isso e mais um meio de ganhar “uns trocados”. Suas criações variam entre R$ 15 e R$ 40 (nas boutiques, o preço pode chegar a R$ 90). Nessas horas, as redes sociais ajudam. Ela recebe pedidos também por meio do Facebook, na Fan Page Artesanato – o lazer que virou negócio.

Um presente e tanto!
Sensual, descolada, para o dia ou para a noite: presente é personalizado

A shamballa não deixa de ser uma boníssima dica de presente. “Me dê as características de quem você quer presentear e eu posso criar a peça mais sensual,ou clássica, ou tranquila, com bolas grandes ou pequenas, da cor preferencial...”, brinca a artesã. Aliás, ela ri ao lembrar que as primeiras pulseiras tinham a sua cara: bolas pequenas, algo mais discreto. “Foi quando recebi pedidos de peças mais exóticas, bolonas mesmo”, confessa. “Mas vale ressaltar o lado espiritual. Se alguém tem necessidade de se apegar a um objeto para fazer a fé crescer, este é uma lembrança que vai ficar marcada.”
Há ainda mais um detalhe: esse presente é sinônimo de rapidez. Arine leva, em média,de 20 minutos a uma hora para produzir sua arte.Então, se você lembrou daquele aniversário só quando sentiu vontade de comer brigadeiro, fica aí a dica.
Quanto às cores, as tendências são, de acordo com a professora: laranja, preto (que é clássico) e palha.
E o mais importante, quando confeccionada com cores e pedras corretas, a shamballa não é tipicamente feminino. Em sua fan page, por exemplo, Arine tem até uma foto do piloto Lewis Hamilton usando uma. Michael Schumacher, Justin Bieber e o estilista italiano Valentino estão entre outros donos de pulsos famosos que aderiram o artefato.

Início
Os irmãos Mads (à esquerda) e Mikkel Kornerup são proprietários da Shamballa Jewels

 
O nome provém da tradição budista. Representa a união do homem com todas as energias cósmicas simbolizadas pelo lugar sagrado, a Shamballa. Afastando assim todos os fluídos negativos.
Sua grafia difere, podendo ser encontrada como Shambhala, Sambala, Shambala e Shamballa. No budismo tibetano, trata-se de um local místico, que fica na Ásia central. Seus habitantes são chamados de “povo iluminado”, pois em sânscrito, Shamballa significa “um lugar de paz e felicidade”. 
As verdadeiras shamballas são joias caras produzidas com pedras preciosas, como diamante, ágata, topázio – tudo tendo como base o fio macramê. A produção do artefato surgiu em 2004, dez anos após o designer Mads Kornerup ter aberto uma joalheria homônima em Paris. Após a expansão do negócio, com lojas em outros países, ele se uniu ao seu irmão Mikkel e criaram a pulseira. Hoje, seu negócio rodou o mundo, passando por países como Estados Unidos, Dinamarca e Suíça, entre outros.
Celebridades – homens e mulheres – já usaram seus produtos para ilustrar capas de várias das principais revistas de moda do mundo, tais como Vogue Itália, Vogue Paris, Vogue Espanha, Elle, V-Man e Gotham Magazine.

Friday, February 17, 2012

‘Adotar um animal é uma sensação inexplicável’

Branquinha e Loira, as mais novas integrantes da família de Francini e Bruno

Acima, Francini e Maria; aqui, Banguela faz cara de má para foto


Uma sensação cuja definição não pode ser encontrada no dicionário. Assim é o sentimento de Francini de Carla Lorecentti, que não tem palavras para descrever o que sente ao adotar um animal abandonado. “É inexplicável. Talvez possa ser comparado à sensação de uma mãe que vê os filhos crescidos lhe darem netos”, tenta exemplificar.
A família da assistente de administração de PCP (Programação e Controle de Produção) é mista e livre de quaisquer preconceitos, onde gatos e cachorros convivem em harmonia. Eles cuidam de duas gatas adultas, a Maria e a Banguela. Numa boa, as duas dividem o quintal com um casal de fox paulistinha, a Neguinha e o Simon.
Mas Francini e seu marido, Bruno, não colocaram os quatro animais como desculpa para deixarem outras duas gatinhas de lado e adotaram, há duas semanas, a Loira e a Branquinha, que apareceram no forro da empresa onde Francini trabalha.
“Adoro gatos e cachorros, principalmente, quando são filhotes. E elas [Loira e Branquinha] já tinham sofrido muito, estavam com fome, descuidadas, sem a mãe. Não podia deixar que as jogassem na rua”, relata Francini, emocionada. “E, como dizem, onde comem duas gatas, comem quatro”, brinca a assistente administrativo.
Triste, Francini relata ainda que nesta sexta-feira, outra gata apareceu. “Infelizmente, não vou poder levá-la para casa porque minha cachorra está prenha e minha casa tem pouco espaço.”
Solidária e contra o abandono de animais, Francini conta que Maria e Banguela também foram adotadas. “Elas eram filhas de uma gata de rua, que um colega do meu marido cuidava. De uma ninhada de quatro, peguei duas para mim.” 

Quando questionada sobre aconselhar que outras pessoas também adotem os pequenos, Francini não titubeia: “Sim, claro que aconselho a adoção animal. É maravilhoso.”

Saturday, February 11, 2012

Na luta para salvar animais, advogada lança blog

Malu, após ser adotada pelo casal Milena e Sinval: tratada com carinho, cachorrinha é considerada a "criança" da família
Cartaz da campanha idealizada por Vanessa, que precisa de doações para custear vacinas
“A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados.” A frase foi proferida pelo indiano Mahatma Gandhi, um dos maiores líderes pacifistas que o mundo conheceu. E, aqui no Brasil, bem longe do continente asiático, Vanessa Figueiredo Mônaco pensa como Gandhi: não dá para ter um conceito de cidadania se os animais foram mau tratados. É por isso e para ajudar os pequenos – como ela gosta de chamá-los – que a advogada criou o blog “Vamos adotar um Amiguinho Barretense”.
Por meio do endereço eletrônico http://adocaoanimaisbarretos.blogspot.com/, Vanessa chama a atenção para a realidade de cães e gatos de rua, que são abandonados e, em alguns casos, tornam-se vítimas de agressões animais ou humanas. E foi com esse intuito que a atividade virtual da advogada começou. “Meu sonho é tirar os animais abandonados das ruas e ajudá-los a encontrar um lar. Quero muito que eles tenham uma casa. Também viso exterminar os maus tratos e cuidar daqueles animais que já sofreram esse tipo de crime”, afirma, os olhos marejados.
Vanessa sempre foi apaixonada por bichos. Há seis anos e meio, ela ganhou aquela que se tornaria sua fiel companheira: a Lilly, uma linda golden retriever. “Cuidar dela é uma rotina muito gostosa, que envolve brincadeiras, risadas, companheirismo. Dou a vida por ela.”
Lamentavelmente, nem todos têm a sorte da Lilly. Em 2009, a advogada viu um cachorro quase morrendo ao ir para a Minerva S.A., local onde trabalha. Tudo indicava que o animal estava sofrendo de uma doença popularmente conhecida como tosse dos canis. Ela o levou ao veterinário, cuidou durante o final de semana e, na segunda-feira, o levou à ABA, a associação Amigos Barretenses dos Animais. Quando viu a realidade da associação – que sobrevive com doações da sociedade – Vanessa pagou R$ 100 mensais durante um ano e meio para ajudar no custeio das despesas.
No ano passado, resolvei voltar na associação e doar 3 sacos de ração de 15 quilos cada. Foi quando deu início à missão de ser um anjo na vida dos animais. “Visualizei uma situação precária. Perguntei o que eles mais precisavam e um dos representantes me respondeu, emocionado: ‘A gente precisa de tudo aqui’. Saí de lá chorando, mas resolvi deixar a emoção de lado e agir. Assim que cheguei em casa, mandei e-mail pra umas quatro ou cinco ONGs de São Paulo, perguntando por onde eu poderia começar. Todos me aconselharam a adoção pela internet. Foi aí que surgiu a ideia de montar o blog.”
Para alimentar o “Vamos adotar um Amiguinho Barretense”, Vanessa arregaça as mangas e coloca a mão na massa. Praticamente sozinha, ela tira fotos de gatos e cachorros abandonados, assistidos ou não pela ABA, escreve histórias de famílias que adotaram, descreve vitórias de cãezinhos que sobreviveram a doenças e ainda informa quais os meios  para que os maus tratos sejam denunciados, entre outras informações. “Deixo de lado o cansaço. Cuidar dos pequenos é meu objetivo de vida”, afirma com determinação.

Campanha viabiliza vacinação


Vanessa foi além. Ela tem consciência de que enquanto o lar e o amor não chegam, é necessário cuidado e atenção. A saúde vem como meta principal. Por isso, a advogada comprou 200 doses da vacina V8, a R$ 12 cada. Agora, a quantia de R$ 2.400,00 precisa ser custeada. De acordo com ela, falta pagar os boletos, com vencimento para 30 e 60 dias.
Além disso, há outras necessidades a serem supridas: coleiras, vermífugos, ração, anestésicos para castração. “Apesar de eu me esforçar, não tenho como arcar com esse custo sozinha. Por isso, peço a colaboração da população.”
Um dos meios de ajudar é através do próprio blog, que traz um instrumento para maior comodidade e segurança para o doador. O programa PagSeguro permite que qualquer quantia seja doada, bastando um cadastro de menos de cinco minutos. Há ainda urnas em quatro pontos da cidade: no Minerva Beef Shop (av. 43), no Savegnago (av. 43), na clínica Fã do Bicho (rua 30, com av. 11) e na Casa de Rações Scooby (av. Conselheiro Antonio Prado, 1026).
Mas a compra da V8 é apenas uma ponta do iceberg, por assim dizer. Segundo a veterinária Suelen Yunes, os filhotes precisam de três doses da V8 ou da V10, e uma dose da antirrábica. “Quando é adulto e eu não sei a procedência, o certo é dar uma V8 ou V10 e um reforço após 21 dias, além da antirrábica. E, quando eu conheço a origem do animal, aplico uma dose anual da a V8 ou da V10 e da antirrábica”, explica.
Ambas (V8 e V10) previnem doenças como parvovirose, leptospirose, parainfluenza, cinomose, hepatite infecciosa canina, adenovírus Tipo 2, corona virose.
Por isso, as doações são importantes. “Além de cuidar da saúde deles, se sobrar dinheiro, vou atrás de coleira, vermífugo, castração (o valor depende do peso – custa em torno de R$ 90 para a ABA, por exemplo).
O Dia da Vacinação está marcado para 11 de Março, na ABA. "Quero todos lá. Vamos fazer um mutirão e promover uma grande festa em torno dos pequenos."
Enquanto encontra mais solidariedade humana pelas ruas barretenses, o próximo passo da Vanessa será adesivar seu carro e o do marido, Gustavo Mônaco, divulgando ao máximo o blog e, consequentemente, a campanha de adoção desses animais.

Mais anjos como Vanessa

 
Foi durante as doações feitas à ABA e com visita aos animais que aguardam adoção, que Vanessa conheceu a veterinária Suelen, outra apaixonada incondicional pelos bichos. No ramo há cinco anos, ela é voluntária da associação há quase dois anos e meio.
Aliás, um dos pontos importantes lembrados pela veterinária está a necessidade não “somente” do dinheiro ou produtos como jornais, ração, material de limpeza, mais falta quem faça companhia a eles, quem brinque com esses indefesos. “É triste, mas nunca alguém teve a iniciativa da Vanessa, nunca alguém chegou perto. Alguns veterinários falam que vão ajudar, mas depois, desaparecem.
Em apoio ao coro de Vanessa, Suelen entra em uníssono: “Às vezes, quero castrar um cachorro, mas não há anestésico. O material cirúrgico (em parte doado pela atriz Isís Valverde), e a sala montada, nós temos. Por isso, solicito a ajuda e a compaixão de todos.”
Além de se compadecer, a veterinária entende que são necessárias educação e conscientização acima de tudo. “As crianças deveriam aprender cedo, nos primeiros anos escolares, a importância de amar e cuidar dos animais. A imprensa como um todo também deveria dar mais espaço à triste realidade em que muitos vivem.”
E ambas – Vanessa e Suelen – concordam em um ponto. “Precisamos de um apoio da polícia em geral. Em função da omissão da sociedade, as autoridades policiais, às vezes, não dão tanta atenção como deveriam. O blog está disposto a denunciar omissões e agressões”, sustenta a advogada.

Duas metades formam um coração
 
A blogueira frisa: os animais precisam de amor, de um lar. Mas não são somente eles que saem ganhando. “Percebi que, realmente, é muito bom adotar. No final das contas, as pessoas percebem que foram mais beneficiadas do que os próprios animais”, diz Vanessa.
A advogada Milena Ramalho Zani comprova a teoria. Em janeiro de 2010, ela e o esposo, o farmacêutico Sinval Gomes, foram à Aba e deram o sonhado lar à Malu. “Meu marido e eu fomos lá pra completar a família. Na verdade, a ideia foi dele, que estava doido pra adotar um filhote. Ele diz que família sem cachorro não é família!”, afirma Milena.
A advogada, no entanto, sabe que tudo é difícil. “Somos pequenos grãos de areia perto de tantas pessoas boas. Graças a Deus, ainda existem pessoas que fazem a vida valer a pena”, em referência à iniciativa de Vanessa e Suelen. E, cheia de alegria, completa: “A Malu é nossa criança.”
Uma criança famosa, diga-se de passagem. A história dessa amável cachorrinha pode ser lida no site da Pedigree (www.adotaretudodebom.com.br) e no blog “Vamos adotar um Amiguinho Barretense”. No texto que narra toda a trajetória, redigido por Milena, um parágrafo chama a atenção: “Agradeço todos os dias a Deus e a São Francisco de Assis por ter a Malu conosco. Ela é a alegria da casa, a nossa filhinha amada!!!! Hoje, ela deve estar com mais ou menos 11 meses, está vacinada, vermifugada, castrada e MUITO FELIZ!!!!!!.”
“A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados.” “O cachorro é o melhor amigo do homem.” Frases como essas podem salvar vidas animais. Basta fazermos com que saem do papel ou da garganta para garantir a eles uma realidade feliz. Alguém topa fazer algo?

Tuesday, February 7, 2012

Blog lança campanha de vacinação de animais da ABA


O blog “Vamos adotar um Amiguinho Barretense”, de Vanessa Figueiredo Mônaco, lançou campanha para vacinação de 200 animais da ABA. Uma vez lançada a manifestação, o trabalho agora é conseguir que a comunidade contribua, uma vez que a quantidade necessária de vacinas fica em R$ 2.400,00.
“Só conseguimos colocar em prática essa campanha, porque recebemos muita ajuda de pessoas que, assim como nós, amam os animais”, relata Vanessa, em seu blog.
Para mais informações, acesse http://adocaoanimaisbarretos.blogspot.com/.

Saturday, February 4, 2012

Será o fim das sacolinhas plásticas?


Ecobag? Sacola oxibiodegradável? Sacola biodegradável? Você já ouviu? Se não, pelo menos já as viu. Tais materiais chegaram ao mercado para tirar de cena uma velha conhecida, com um nome bem mais simples: a sacola plástica. Isso mesmo, aquela que você colocava suas compras e depois reutilizava para embalar lixo ou transportar outros produtos. Mas se você ganha em parte, pode ser prejudicado em outra – a degradação do meio ambiente.
E é essa a preocupação da Apas (Associação Paulista de Supermercados), ao idealizar a campanha “Vamos tirar o planeta do sufoco”, em parceria com o Governo do Estado. Porém, ação desta campanha está mexendo com o cotidiano de consumidores desde 25 de janeiro, quando entrou em vigor. “Não sou contra ajudar o meio ambiente, mas acredito que os supermercados também deveriam adotar sacos que parecem de pão, usados antigamente, e sacos grandes de amido de milho”, opina a vendedora Andreza Caetano, que se refere às sacolas biodegradáveis, que se decompõem em até 180 dias.
Já o agricultor Cilso de Souza Gonçalves, se diz totalmente a favor. “Vocês aqui da cidade veem as ruas sempre limpas, varridas. Nós, que moramos em fazendas, perto de rio, vemos tudo quanto é sujeira sendo jogada lá, principalmente sacolas plásticas e garrafas PET. O que não é retornável acaba parando no rio. Quero ver alguém comprar uma dessas sacolas [ecobags] e descartá-las”, disse, enquanto sua compra era colocada em caixas de papelão. Uma das filhas, a adolescente Letícia (13 anos), concorda com o pai e até ajuda a separar o lixo em casa.
Gabriel Cândido Valini, 12 anos, afirma que adorou a ideia. “É importante cuidar da vida no planeta.” Já para sua mãe, Ana Paula Cândido Valini, 31 anos, a campanha pode colocar um fim nos bueiros entupidos por sacolinhas.
Mas elas ainda circulam por aí. Até porque há o período de consumidores e supermercados se adequarem à novidade. “Tentamos adaptar os clientes à falta de sacola que vai haver. Além disso, muitos ainda não vêm preparados. Então, para ir ensinando, perguntamos antes se a compra pode ser colocada em caixa de papelão. Não pode ser uma mudança radical”, diz José Sanches Gonzales, conhecido como Pepi, um dos proprietários do JM Supermercado.   “Nós ainda temos sacolas normais. Quanto às biodegradáveis, pedimos há mais de 30 dias, mas não chegaram, pois está em falta no mercado.”
A postura de ter, ao menos por enquanto, todos os tipos de embalagem – inclusive as ecobags para vender – foi adotada por toda a Rede Econômica, integrada pelo Manolo, JM e Passador. “É necessário educar e contribuir para a conscientização em relação à preservação do meio ambiente. Mas ambas as partes têm de agir”, reforça Manoel Sanches Gonzales, o Manolinho, um dos proprietários do Manolo.
Já o Savegnago extinguiu de vez as velhinhas sacolas. “Nossos clientes estão comprando, saindo e entrando com as sacolas retornáveis ou com caixas de papelão. É o que nós podemos fazer para ajudar o meio ambiente. É o primeiro passo”, declara o coordenador de marketing da rede, Murilo Pais Savegnago. “E as pessoas vão comprar uma vez ou duas. Não vai precisar adquirir uma sacola retornável nova a cada compra.” Segundo o coordenador, uma parte da venda da ecobag é destinada ao Instituto Aparecido Savegnago, onde 200 crianças aprendem informática e idiomas gratuitamente.

Sacolas bio devem ser gratuitas

A professora Maria Alice da Silva foi ao supermercado no dia em que o acordo entrou em vigor e já entrou no esquema do supermercado. “Não quis comprar sacola retornável, pois já tenho umas três em casa. Então, colocaram minha compra em um saco de arroz. Eu não me importo, pois tenho carro. Se não tiver caixa de papelão ou outro tipo de embalagem, eu me viro.” No entanto, a dona-de-casa expõe uma questão pertinente: “O duro é quem for fazer compra a pé. Essa pessoa será obrigada a comprar as sacolas retornáveis a, no mínimo, R$ 1,99, ou as biodegradáveis. Imagina se uma compra demandar dez sacolinhas a R$ 0,19...”
Pode ser que a preocupação da professora deixe de existir. Quando a campanha foi oficialmente lançada, em 25 de janeiro, os supermercados vendiam a sacola biodegradável a R$ 0,19 – preço tabelado. Porém, o gerente dos Lavradores, Eurípedes Rodrigues Gomes, reforça a importância de se respeitar o cliente. “Aderimos à campanha, pois o meio ambiente está sobrecarregado de lixo, mas temos de oferecer alternativas como a caixa de papelão e as sacolas biodegradáveis”. O gerente faz menção a nota oficial da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor  (Procon-SP), publicada dia 1º de fevereiro, que informa que que os supermercados só poderão cobrar pelas sacolinhas de plástico biodegradável se houver outra opção gratuita para que o consumidor possa levar suas compras para casa. A decisão vale por tempo indeterminado, “pelo tempo necessário à desagregação natural do hábito de consumo”. “É importante destacar que, na ausência de opção gratuita para que o consumidor possa concluir sua compra, o estabelecimento deverá fornecer gratuitamente a sacola biodegradável, respeitando assim os ditames do Código de Defesa do Consumidor (CDC)”, diz o Procon em nota.
A orientação dada pela Apas  é que as redes ofereçam ao menos um tipo de sacola a preço de custo. Existem também outras opções: carrinhos com bolsas adaptadas, caixas de plástico dobrável, caixas de papelão e sacolas biodegradáveis (chamadas também de biocompostáveis).
Cobrando ou não, as pessoas estão se adaptando. “Está tudo bem tranquilo. Os clientes aceitaram bem”, comentou Sandro da Costa, gerente do Tome Leve


Sem obrigação legal, supermercados adotam campanha

João Sanzovo, diretor de Sustentabilidade da Apas, comemora a implantação da campanha com 95% de adesão dos supermercados. Já por parte da população, ele entende que não será do dia pra noite. Porém, já são quase 32 milhões de pessoas aderindo a ideia, que começou em Jundiaí (SP). “A cidade adotou essa postura há um ano. A prática também existe em Belo Horizonte (MG). Quanto mais pessoas conscientes, melhor. São 7 bilhões de sacolas que vão para os rios, bueiros e que matam animais quando são levadas a pastos pelo vento ou pelo próprio homem. Então, o ser humano sabe que dá para fazer sua parte.”
Para o diretor, outros tipos de estabelecimentos devem adotar a campanha em breve. “A princípio, o foco é supermercado, uma vez que é responsável por 90% da utilização das sacolas plásticas. Mas acredito que as pessoas já irão com suas sacolas retornáveis a outros tipos de comércio.”
A Apas esclarece ainda que não trata-se de uma lei. Portanto, adere o supermercado ou estabelecimento que quiser. Sendo assim não há punição ou multa. “Todas as tentativas de lei foram derrubadas”, completa Sanzovo.
O Barretense, por exemplo, ainda não tem data para entrar no movimento. “Ainda temos sacolinhas plásticas, que estavam no estoque. Acredito que vamos aderir à campanha assim que elas acabarem”, diz o supervisor Diogo Hayek de Oliveira.

Thursday, January 26, 2012

Falta de humanidade no Pinheirinho

Abaixo, matéria sobre o sofrimento dos ex-moradores do Pinheirinho, de São José dos Campos. Crianças, idosos, grávidas, ninguém foi poupado da crueldade. Texto e vídeo são de uma das jornalistas que mais admiro, minha ex-editora Eliane Mendonça, que acompanhou de perto a dessas famílias. Leiam mais no blog solidariedadepinheirinho.blogspot.com, no qual também encontra-se o texto abaixo.


Sem lenço, sem documento e sem dignidade

Eliane Mendonça

Desde a desocupação, as famílias que viviam no Pinheirinho estão só com a roupa do corpo, sem documentos, sem casa, sem móveis e sem nenhuma perspectiva. Se tudo isso não bastasse, ainda estão sendo tratadas como lixo, sendo mantidas em condições subhumanas em locais que a prefeitura insiste em chamar de abrigo.


Em uma visita ontem ao Caic Dom Pedro, a situação era deplorável. Sem procurar muito, é fácil ver vários doentes deitados no chão. Pessoas com pneumonia, vítimas de AVC que já não falam e não andam e até um caso de tuberculose. 


Pra piorar a situação, estão todos amontoados na quadra de esportes, dividindo espaço com as crianças que brincam em meio a fezes de pombos e restos de comida, e ainda tendo de conviver com a falta de água, que durou o dia todo, nesta segunda-feira (23).


No rosto das pessoas o semblante pesado, de quem perdeu as esperanças e está sem nenhuma perspectiva. E ainda há relatos de assédio por parte da prefeitura, que insiste em seu plano xenofóbico de mandar as famílias para as cidades de origem.
 

“A ‘moça’ da prefeitura veio de novo aqui perguntar se a gente quer passagem de volta. Mas, voltar pra onde, meu Deus! Eu não tenho lugar pra ir não”, disse a diarista Sineide Souza de Jesus, que está no abrigo com o marido e cinco filhos.
 

Cada morador é “marcado” com uma pulserinha que, segundo os próprios abrigados, não pode ser tirada, de jeito nenhum.
“Disseram que se a gente quiser comer e ter um colchão, temos de ficar com a pulseira. É horrível. Não sou bicho pra andar de coleira”, reclamou Geralda da Silva Moreira, 54 anos.
 

Além disso, os abrigos continuam cercados pela polícia. A orientação é que ninguém saia. “Dizem que se sair, não volta mais. Mas vou viver enclausurada aqui? Não posso trabalhar nem levar as crianças para a escola? O que vai ser da gente?”, perguntou dona Geralda.
 

Histórias comovem
 
Ediléia Neves, 31 anos, grávida de cinco meses, é mãe solteira de quatro filhos de 12, 10, 8 e seis anos, respectivamente. Abrigada na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Colonial, ela não tinha idéia do que ia fazer da vida. “O que eu vou fazer agora e como vou sustentar os meus filhos? É só nisso que eu penso. Nunca imaginei que passaria por uma situação dessas, em toda minha vida”, disse.
 

Outra história que choca é de Claudineide da Silva, de 44 anos, que é paciente terminal de câncer e também está abrigada na igreja.
 

Ela conta que sente muitas dores no corpo, já que tem câncer nos ossos, mas passou a noite inteira sentada na cadeira de rodas. “Eu tava com muito medo. Tinha bomba explodindo aqui na igreja, à noite. Fiquei com medo. Nem dormi”, disse.
 

Dona Ozonina Ferreira de Souza, 62 anos, se emocionava cada vez que falava da violência da desocupação. “Meus netos estão todos traumatizados. Fico me perguntando por que fizeram isso com a gente. Eu trabalhei minha vida inteira, to velha e cansada. 

Depois de tanto tempo, eu não mereço uma casa? Eu acho que eu mereço... Eu não sou bandida. Sou trabalhadora e honesta. Só queria um teto pra criar meus netos tranqüila”, disse, chorando.
O companheiro de dona Ozonina, o aposentado Abelino Alves Moraes, 70 anos, disse que estava se sentindo desnorteado. “Vamos ver o que vão fazer com a gente, né? Não é possível que larguem a gente assim, na rua”, disse.
 

No Caic Dom Pedro, dona Sineide montou as camas debaixo da rede da quadra do Caic Dom Pedro, onde tinha um pombo morto. Mas assegura que fez isso porque era o único espaço que tinha. “Falam que pombo dá doença, né? Mas se o pombo estiver morto, será que ainda tem problema? Acho que não, né fia?”, perguntou à reportagem.
 

A grande preocupação dela é com os estudos das crianças. Não só dos seus filhos, mas das crianças que estudam no Caic Dom Pedro.
“Tem mãe aqui do bairro preocupada, querendo saber quando a gente vai sair porque o filho estuda aqui e as aulas começam no dia 6. Eu, como mãe, entendo a preocupação. Mas, vou responder o que?”, disse, já em lágrimas.
 

O filho mais velho de dona Sineide, Jealisson, completou 11 anos no dia da desocupação. O pai, o pedreiro Geraldo Gabriel da Nóbrega, 53 anos, conta que tinha comprado coisas pra comemoração. A idéia era fazer um bolo simples, com guaraná. “Era o que ele queria. Fiz um esforço e comprei, ele tava feliz. Mas a polícia tirou a gente da cama. Não deu tempo de fazer o bolo e o Guaraná que comprei também ficou pra trás. No meio da desgraça, era só o que as crianças se lembravam. Pra um pai isso é muito difícil”, disse, com a voz embargada.
 

Minutos depois, uma voluntária que sabia da história chegou com um bolo pequeno, de padaria, e um guaraná. E o pequeno Jealisson pode então, comemorar seus 11 anos como tinha sonhado, com direito até a cantar parabéns.
 

“Olha, se não fosse esse povo de bom coração que aparece aqui por conta própria, não sei o que seria da gente. Porque a prefeitura mesmo, não está nem aí. São gestos que podem parecer pequenos, mas aliviam o coração da gente e nos ajudam a suportar esse sofrimento”, disse dona Sineide.